Gaia 14

Eu estava errado. Quando vi a torre achei que iríamos subir, mas assim que passamos pela entrada vimos que nem pra onde subir tinha. No meio do salão tinha algo parecido com um altar e um caminho levando pra baixo. Sim, pense naquela inquietação que estávamos sentindo antes voltando e se elevando exponencialmente.
De repente tive o vislumbre de um manto dentro de um baú em uma sala....escura...e senti uma presença vindo de dentro daquele caminho. Boa ou má não sabia dizer, mas era relativamente forte. Expliquei a situação e sugeri que nos dividíssemos em 2 grupos, um ia comigo pra onde quer que aquela capa estivesse e o outro ficaria ali pro caso de acontecer alguma coisa. Começamos a discutir quem iria comigo e quem ficaria quando Ferio chamou nossa atenção para um detalhe: ele não conseguia passar pela descida...As garotas tentaram e nenhuma delas conseguia do mesmo jeito que Ferio. Bem, isso facilitava as cosias, não? Desceríamos eu e mais ninguém e a galera ficava me esperando do lado de fora, porque why the fuck not?
Suspirei. Hikaru deu uma risadinha sem graça e disse que ia ficar tudo bem. "Eu sei!" respondi, "mas é sempre bom ter alguém do lado pra fazer companhia e jogar conversa fora." Senti uma sensação estranha de que aquela torre por qualquer motivo "desaparente" poderia despencar na cabeça da gente de uma hora pra outra e reforcei as magias de proteção em todo mundo deixando de aviso que se por qualquer motivo aquele lugar começasse a tremer e parecer que ia despencar que era pra todo mundo correr pra fora e não me esperar. Claro que houveram protestos, mas eu lembrei que já que ninguém conseguia descer ali não ia fazer muita diferença de qualquer forma. Eles não gostaram mas concordaram.
Com tudo nos devidos lugares adentrei o caminho levando ao interior da torre. Claro, não havia iluminação nenhuma ali, então tive que dar a luz. Com os experimentos feitos antes do pessoal acordar tentei focar no que Ariana tinha dito sobre assimilar e mudar com a minha vontade e consegui fazer a espada se transformar em água e fogo, então tirei proveito disso e criei uma "tocha" pra escuridão.
Aquilo tava parecendo um labirinto com tanto corredor que dava em outros corredores. Até cheguei a pensar que ia encontrar um minotauro naquela buraco, mas spoilando o futuro não tão longínquo, não, não tinha minotauro nenhum lá, mas tinham corredores. Falei que tinham MUITOS corredores? Vendo aquela torre pelo lado de fora não parecia, mas aquilo era fundo. Não saberia dizer quantos metros(quilômetros? o.O) eu tinha descido, mas sabia que não tava ali a poucos minutos.
Alguns milhares de corredores depois cheguei a um canto fechado com algumas marcas nas paredes similares as da caverna do primeiro dragão e imaginei que deveria haver alguma coisa ali, mas diferente da caverna não tinha um altar e nenhuma esfera escondida. Cancelei a magia que deixava a espada em forma de fogo pra que ela voltasse ao normal e usei uma magia de fogo pra criar uma bolinha (não tão inha) flamejante pra iluminar e me senti idiota por não ter feito isso antes. olhando as marcas na parede resolvi encostar a espada nelas pra ver se acontecia alguma coisa. Bingo! A parede brilhou levemente e literalmente desapareceu revelando um salão (bem ão) com uma estrutura bem parecida com aqueles templos gregos.
No meio do templo tinha um objeto retangular flutuando e emitindo uma luz azulada bem fraca. Fiquei meio receoso, mas resolvi encostar a mão nele assim mesmo, mas nada aconteceu. Encostei  a espada como havia feito na parede fechada, mas também não deu em nada. Tentei empurrar e puxar o objeto e nada de novo...Taquei uma magia de fogo e assim que ela encostou no objeto o objeto brilhou e refletiu a magia de volta em cima de mim. Imunidade a fogo mandou lembranças. Fiquei feliz de não ter usado uma de água. Podia ter dado ruim. Pensei que se magia volta, talvez um foguinho natural desse algum resultado e taquei fogo com meus próprios poderes mutantes. O objeto começou a ficar vermelho como um metal sendo aquecido e o brilho azulado diminuiu e desapareceu. Pra garantir usei mais umas camadas de magias de proteção e continuei tacando fogo. O objeto caiu no chão. Eu parei e fiquei observando na expectativa que algo pudesse acontecer. And guess what? Aconteceu. A vermelhidão do calor foi diminuindo, diminuindo, diminuindo e BOOM. Aquele troço explodiu de um jeito que me tacou longe.
Levantei completamente atordoado e a coisa só não foi pior pela proteção que eu tinha preparado. Quando recuperei o equilíbrio e olhei pra onde o objeto estava ele não estava mais. No lugar tinha alguma outra coisa flutuando com uma luz branca que eu não conseguia identificar o que era. Fui me aproximando e no instante que levantei a mão pra tentar tocar no que quer que fosse aquilo um som bem alto veio do lado de fora. De boas, aquele barulho deu um puta frio na espinha. Eu saí e procurei pelos lados, mas não vi nada. Olhei pra cima e tinha uma sombra enorme andando pelas paredes e obviamente ela tinha se dado conta da minha presença ali embaixo, pois pulou de lá de cima na minha direção.
Desviei facilmente do ataque, mas aquele troço não estava disposto a descansar e atacava repetidamente. Sim, troço é a melhor forma que eu consigo descrever seja lá wtf que fosse aquilo. De certa forma lembrava uma arraia marinha, mas na ponta de cada "asa" e da cauda haviam espinhos enormes assim como nas costas e a cabeça era pra fora do corpo. Por espinhos, entenda um troço parecido com um chifre de rinoceronte, só que bem mais longo. A boca era uma coisa linda pra não dizer ao contrário. Ele usava os espinhos pra atacar e eu estava só desviando no início e usando magias na esperança de botar o bicho pra correr achando que era apenas um animal cuidando de sua "casa," mas ele não parecia estar disposto a isso, então após desviar de um dos ataques cortei o espinho da asa esquerda derrubando o bicho no chão. Como estava muito próximo de um canto resolvi passar por cima dele pra ter mais espaço e digamos que essa não foi assim a melhor ideia que eu já tive na vida.
Enquanto estava voando a uma certa distância acima dele o infeliz tacou uma saraivada de espinhos das costas pra cima de mim. Na minha cabeça veio bem rápido que meu campo telecinético estava ativado e as magias de proteção também, então aquilo não deveria ser nenhuma ameaça, certo? HA! Não poderia ter estado mais errado mesmo que eu quisesse! Mesmo assim, por qualquer motivo, talvez reflexo, simplesmente desferi um ataque com a espada pra destruir aqueles espinhos, o que provavelmente foi o motivo de eu não ter morrido ali mesmo.
Meu ataque destruiu quase todos os espinhos, mas 4 deles passaram pelo ataque. Um passou batido, um acertou no peito mas a armadura bloqueou, um me acertou na perna esquerda e o outro atravessou minha barriga do lado direito. Surpreso e sentindo uma puta dor do carvalho eu não consegui controlar o voo e cai de lado no chão. Aquilo não fazia sentido. Ser atingido por espinhos sendo que só meu campo telecinético deveria bloquear qualquer coisa física não era algo que deveria acontecer..
Demorei um breve momento pra recuperar o foco e conseguir me "levantar" (só voando mesmo, porque força pra me manter de pé não tinha.) O bicho também se levantou no canto dele, mas tinha mais dificuldade de se mover do que eu por causa da diferença entre a asa com espinho e a sem que eu havia cortado. Vi que deveria terminar com aquilo logo antes que houvessem mais surpresas e usei outro ataque como o que havia usado pra destruir os espinhos, mas dessa vez focado direto na origem do problema. Ao ser atingido o bicho desintegrou e eu cambaleei e caí no chão de novo. Aqueles espinhos provavelmente estavam envenenados pois estava começando a me sentir tonto e me sentir mal. Tentei tirar o espinho, mas só de segurar e fazer força me dava tremedeira e não conseguia manter a força no corpo. Ouvi a voz de Ariana na minha mente de novo dizendo pra eu pegar o artefato dentro do templo. Fui até lá e ele ainda estava ali brilhando e flutuando no mesmo lugar. Assim que o toquei o brilho sumiu e eu pude ver o manto que tinha ido buscar. "Use-o, rápido! E volte pros seus amigos."
Assim que coloquei o manto senti o mal estar se dissipar, mas a dor dos ferimentos ainda estavam presentes. "Essa câmara não se localiza diretamente sobre a torre, use sua magia para destruir o teto e saia por aí." Ouvindo isso pensei que ela poderia ter me dito isso antes pra eu descer diretamente por ali e pouparia tempo andando por aqueles corredores sem fim, mas Ariana respondeu que enquanto o manto estava selado naquele "baú" nenhum tipo de magia ou ataques conseguiria destruir as paredes da câmara. Ta bom então...
Concentrei um ataque com a espada e dei o corte pra cima pra destruir o teto da sala e rapidamente usei uma magia de água pra criar uma barreira a minha volta e condensei pra se tornar gelo e atravessar os escombros que estavam caindo. Do lado de fora, olhei a minha volta pra localizar a torre e assim que localizei fui em sua direção com os ferimentos doendo pra carvalho e sangrando muto pela perna onde o espinho tinha rasgado. O da barriga não estava sangrando muito pelo simples fato de ter ficado atravessado ali.
Minha visão começou a ficar turva, mas consegui chegar na torre e vi que todo mundo tava do lado de fora. Assim que me viram correram na minha direção e eu despenquei no chão a pouca distância de onde estavam, completamente desacordado.

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