Gaia (8)

Frustração. Essa era a palavra que melhor me descrevia naquele momento. Umi e Fuu desaparecidas, Dani e agora parte dos X-Men mortos. Uma pesada e dolorosa sombra negra havia caído sobre mim. Eu havia seguido em frente mesmo após o ocorrido com Dani no intúito de fazer Haigan pagar pelo que fez, tentando não pensar naquilo, mas com estas novas mortes tudo explodiu e começou a me atormentar.

Meu estado psicológico caiu para o desespero. Eram amigos muito queridos que eu havia perdido e tudo de repente pareceu não ter mais sentido.

Hikaru tentou me "acordar" daquele estado sem sucesso. Dizia que devíamos sair dali não apenas porque poderia ser perigoso como também pelo lugar não estar me fazendo bem, mas eu não respondia. Pediu de todo jeito e nada de resposta de minha parte.

Sem saber mais o que fazer, me pegou pela mão e me puxou pra cima, me "arrastando" em seguida. Eu estava andando como morto vivo, mais mecanicamente do que com a intenção de assim o fazer. Ela me levou pra bem longe de lá e finalmente decidiu parar, sentando-se junto de uma árvore para se recostar e descansar. Viu que eu havia ficado ali em pé parado e gritou chateada comigo, mas vendo que não havia reação de minha parte levantou novamente e foi me buscar. Sentou-se novamente no mesmo lugar e me puxou pra baixo para que me sentasse ao seu lado.

Pobre Hikaru, deixou de lado seu próprio sofrimento para tentar me animar e eu ali igual a um zumbi, apenas ouvindo o que ela dizia sem realmente escutar o que era aquilo. Uma hora as lágrimas simplesmente começaram a cair, mesmo eu estando em estado de choque e sem conseguir sentir o que realmente acontecia. Como da vez da cachoeira, Hikaru me deitou em seu colo, onde acabei dormindo muito tempo depois.

Passou-se um dia em que Hikaru continuava a me arrastar pela floresta na direção em que íamos antes daquele incidente com os X-Men. Eu continuava na mesma, inclusive quando apareciam monstros e estes me atacavam. Não tinha como Hikaru fazer tudo ao mesmo tempo e sabe-se lá como nenhum dos dois acabou sendo pego pelos cabeçudos ou morto por trolls ou hunters. E após outra dessas incontáveis batalhas, parou para descansar.

Era ela quem estava começando a ficar deprimida, embora não a ponto de ficar como eu estava. Ela ainda continuava tentando "conversar" comigo para me animar, mas eu não demonstrava sinal de melhoras. Nessas horas ela virava o rosto tentando esconder suas lágrimas.

Em um dado momento, resolveu buscar alguma frutas para comer e tentar me fazer comer, eu ainda estava ferido pelos ataques dos X-Men, mesmo não sendo nada grave, além de não ter comido nada desde antes da luta. Ela disse que não demoraria e que eu podia esperar por ela ali.

Quase instantaneamente após ela sair, a mesma voz da cachoeira novamente veio à minha mente e começou a dizer algo que da mesma forma que acontecia com Hikaru, eu ouvia, mas não escutava. <now playing: Final.Fantasy.VII - The.One.Winged.Angel.mp3> Em seguida, uma figura negra apareceu como que do vento e veio andando em minha direção, parando bem na minha frente. Usava uma armadura azul escura e uma máscara encobrindo boa parte do rosto. Obviamente que eu não dei atenção a ele, não importando quem fosse ou o que dissesse.

Enquanto falava o que quer que fosse senti um gélido ar frio que não sabia de onde vinha e de repente uma longa espada de gelo estava em sua mão direita. Este frio começou a se espalhar e me envolver fazendo com que eu sentisse como se estivesse congelando. Hikaru apareceu e ao ver o picolé com aquela espada na mão soltou as frutas e puxou sua espada perguntando quem ele era. O cara riu, levantou sua espada e atacou Hikaru. Ambos começaram a lutar, mas não havia uma definição sobre um possível resultado.

Magias começaram a ser usadas por ambos os lados, sendo que o novo adversário usava magias baseadas em gelo, enquanto Hikaru usava suas magias de fogo mais como defesa do que propriamente como ataque. Após alguns minutos de luta, Hikaru ficou próxima a mim e o picolé ambulante de frente para nós a alguma distância. Novamente usou sua magia contra Hikaru que se defendeu usando sua própria. Nosso atacante riu e começou a conjurar sua magia novamente enquanto Hikaru preparava sua própria. Ambos lançaram suas magias ao mesmo tempo. Entretando, Hikaru foi pega de surpresa pois o alvo dessa vez não foi ela e sim eu.

Hikaru pulou para o lado me arrastando junto com ela e embora a magia não tenha me acertado atingiu parcialmente minha companheira, derramando seu sangua sobre mim. Ela tentou levantar novamente, mas caiu de joelhos e equilibrou-se em sua espada tendo dificuldades para respirar.

Com o sangue de Hikaru no rosto, em minhas mãos e vendo-a ferida em minha frente, pude sentir meu coração batendo rápido. Nesse momento, as palavras que eram ditas pelo nosso agressor chegaram a meus ouvidos. Disse que os planos de seu pai para usar meus amigos contra mim mesmo parecendo ter falhado funcionou melhor que o esperado, sendo que agora só era preciso me matar para se livrar de qualquer resistência.

As palavras "usar meus amigos contra mim" deram um efeito extremamente emputificante (o.O) em mim. Se eu havia entendido direito, aquele cara seria filho de Haigan, que teria usado os X-Men sabe-se lá como contra mim. Além disso, agora que minha ficha tinha caído eu tinha me tocado que ele não só estava atacando Hikaru como havia ferido ela de maneira meio grave.

A culpa por ter entristecido Hikaru começou a me doer e fechei as mãos de raiva. Eu olhei na direção de nosso agressor, mas antes de qualquer reação minha Hikaru com muito esforço se levantou dizendo que protegeria qualquer amigo dela não importava como e derrotaria qualquer um que tentasse feri-los mesmo que custasse sua vida. Isso fez com que eu abaixasse minha cabeça de vergonha e chorasse em silêncio.

O homem riu alto e fez pouco caso de Hikaru, preparando uma nova magia. Hikaru tentou se posicionar para lançar a sua mas caiu de joelhos novamente e quando o ataque foi lançado contra ela eu me posicionei em sua frente usando o escudo de água para nos proteger.

Tanto Hikaru quanto o picolé me olhavam enquanto ainda com a cabeça baixa eu me desculpei com Hikaru. Ela sorriu e ao dizer que ela podia deixar aque eu a protegesse fez que sim com a cabeça. Eu me abaixei e carreguei Hikaru até uma árvore onde a deixei recostada. Vendo seu ferimento e o quanto aquilo a causava dor senti que minha magia novamente se alterava  para se adaptar as minhas necessidades. Com isso, à um simples movimento um novo tipo de magia nos envolveu curando todos os nosss ferimentos. Disse para Hikaru descansar e me virei para nosso inimigo.

O da armadura azul não pareceu gostar do que viu e começou a reclamar de algo. Eu disse que não importava mais quem eles fossem, por terem ferido meus amigos iriam pagar, fazendo o meliante rir novamente. Disse que seu nome era Haigani e não importasse o que nós tentássemos seria inútil pois nunca conseguiríamos derrota-los.

Agora foi minha vez te atacar. A espada deixada pelo dragão parecia estar respondendo a meus pensamentos. Cada movimento que eu fazia era como se fosse auxiliado por ela. Haigani parecia surpreso e conseguia apenas se mover para trás. Juntando toda a frustração que senti até aquele momento, golpeei com toda força fazendo com que a espada brilhasse em vermelho e ficasse em chamas. Quando as espadas se chocaram, a espada de Haigani se quebrou e eu ainda rasguei sua armadura abrindo um grande ferimento em meu nemesis.

Haigani cambaleou para trás enfurecido. Amaldiçoando a tudo que pudesse se lembrar e resmungando algo sobre não ser possível a espada ressoar comigo, disse que aquela não seria a última vez que nos veríamos e criando um bloco de gelo em torno de si e quebrando este aos pedaços, desapareceu.

Voltei até Hikaru para ver como ela estava. Ela sorria e disse estar feliz por eu ter me recuperado. Eu disse que isso só aconteceu por ela ter cuidado tão bem de mim, agradeci por isso e me desculpei por preocupa-la novamente. Depois descansamos um pouco e seguimos em frente com nossa amizade fortalecida.

--Continua--

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